segunda-feira, 14 de abril de 2014

Abaixo-Assinado pelo reajuste dos valores de inscrição do 47º Congresso Brasileiro de Geologia

Convocamos a comunidade brasileira de geologia a assinar este abaixo assinado que pretendemos entregar à Sociedade Brasileira de Geologia entre os dias 11 e 14 de maio de 2014, durante a sexta edição do SIMEXMIN, Simpósio Brasileiro de Exploração Mineral, evento que escolhemos para, mais uma vez, manifestar a insatisfação/indignação da comunidade acadêmica de geologia frente aos valores cobrados como taxa de inscrição para o 47º CBG que sofreram um aumento superior a 250% sobre os valores cobrados no 46º CBG.

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O Congresso Brasileiro de Geologia é uma oportunidade única que temos para aumentar, integralizar e atualizar, não somente nossos conhecimentos, mas adquirirmos uma maior proximidade com pesquisadores, colegas de profissão, instituições e empresas atuantes no ramo.
Diante das condições de precificação que o 47º Congresso Brasileiro de Geologia nos deixa, não encontramos outra solução se não nos utilizar deste instrumento como tentativa de negociação junto à Sociedade Brasileira de Geologia.
A Enege apresentou carta de manifestação de insatisfação/indignação da comunidade acadêmica de geologia frente aos valores cobrados como taxa de inscrição para o 47º CBG que sofreram um aumento superior a 250% sobre os valores cobrados no 46º CBG, reivindicando novo cálculo da taxa de inscrição e que os mesmos fossem reajustados com base no aumento da inflação vigente no período entre os dois congressos.
Como resposta recebemos que a reivindicação dos estudantes de geologia sobre o valor da taxa de inscrição no 47º CBG foi analisada pela Comissão Organizadora do evento, mas que deveríamos considerar que “a organização do 47º CBG contou com um repasse financeiro um terço menor que aquele recebido pelo último congresso” e que “atualmente existe uma contração acentuada do setor produtivo como um todo e particularmente na área de atuação dos geólogos”. Ainda segundo a Comissão Organizadora do evento, os valores das inscrições do 47º CBG foram estabelecidos sem levar em conta os subsídios de patrocinadores, diferentemente de suas edições anteriores e que “em caso de haver uma boa captação de recursos junto ao setor produtivo, que venha a garantir a realização do 47º CBG, poderemos avaliar a redução do valor da taxa para estudantes associados da SBG”.
Entendemos que a inflexibilidade de redução dos valores cobrados demonstram que a SBG pouco deseja a participação dos estudantes no respectivo evento, em especial se levarmos em conta o fato de ainda arcarmos com gastos de transporte, alimentação e hospedagem durante a realização do evento. E tememos na forma com que poderia ser aplicada essa possível redução de valores para os estudantes associados da SBG, por exemplo, os valores pagos a mais seriam devolvidos aos já inscritos?.
Analisando as propostas de patrocínio disponibilizadas no documento “Oportunidades de Participação” do 47º CBG percebemos a disponibilização de grandes recursos aos expositores e participantes, mas seria mesmo necessário esta grande estrutura que estaria a disposição destes patrocinadores? Um bom exercício de reflexão é realizar um comparativo de valores e estruturas entre o Congresso Brasileiro de Geologia, maior evento de Geociências da América do Sul, e o GSA Annual Meeting & Exposition, maior evento de Geociências da América do Norte, organizado pela The Geological Society of America.
Assim como o CBG, o GSA Annual Meeting & Exposition é um evento de grandes proporções, organizado em um grande ambiente de forma bastante organizada mas com parâmetros distintos do CBG. No GSA a estrutura de divisão dos estandes é muito mais simples, composta de duas pequenas colunas de madeira que sustentam um varão onde são penduradas cortinas de cores pré-definidas, barateando muito o custo de montagem. Se compararmos com a estrutura padrão montada pela Acquacon e a Hotma, o custo da GSA é extremamente mais baixo. Estruturas caras e personalizadas são de responsabilidade da empresa contratante do espaço no evento, ficando a cargo deles próprios a contratação e execução da montagem de stands mais elaborados.
Também seria muito mais barato a médio prazo se a própria SBG fosse proprietária destas estruturas de cortinas e varões, de modo que seria um material próprio da SBG e itinerante, conforme o local escolhido para a próxima edição do Congresso. Ao término de uma edição esta estrutura seria desmontada e enviada por transportadora para a sede responsável pelo próximo congresso. Mesmo em caso da opção de aquisição desta estrutura não ser viável pela logística ou por falta de mão de obra, ou ainda por custo similar ao de aluguel de uma estrutura como tal, só o fato de a SBG escolher por esta estrutura mais prática ao invés das clássicas divisões de placas brancas e alumínio, o preço poderia ser extremamente reduzido.
Observemos no quadro a seguir a discrepância de valores e propósitos de participação e colaboração nestes eventos de Geociências, ressaltando o fato de que apenas o GSA conta com a participações de instituições educacionais e sociedades não comerciais de interesse geológico.

CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA
GSA ANNUAL MEETING & EXPOSITION
PATROCÍNIO PLATINA R$ 1.000.000,00
COMMERCIAL PREMIUM USD 2,000.00
PATROCÍNIO DIAMANTE R$ 550.000,00

PATROCÍNIO OURO R$ 275.000,00
CAMPUS CONNECTION USD 900.00
PATROCÍNIO NÍQUEL R$ 110.000,00
EDUCATIONAL/NOT-FOR-PROFIT USD 900.00
PATROCÍNIO COBRE R$ 66.000,00
GSA ASSOCIATED SOCIETIES USD 300.00
PATROCÍNIO CROMO R$ 22.000,00

PATROCÍNIO ALUMÍNIO R$ 11.000,00

PATROCÍNIO MAGNÉSIO R$ 7.000,00

ESTANDE BÁSICO R$ 8800,00
COMMERCIAL STANDARD USD 1,800.00

O preço do estande básico no CBG é o dobro do preço do estande básico no GSA Meeting, portanto imaginem o posicionamento de expositores internacionais comparando esses valores. É mais barato expor no CBG ou no GSA? Onde eu teria mais retorno e melhor custo benefício? Com certeza não seria aqui, pois os preços são absurdamente elevados. Também sugerimos que pensem no seguinte: É melhor ter uma fila de empresas querendo expor ou ter que convencer empresas a expor? Para ter uma fila, basta ter preços competitivos, pois o evento em si já é um grande atrativo.
O maior evento de Geociências da América Latina não requer necessariamente o maior requinte em sua estrutura. O corte de gastos é a principal forma de conseguirmos diminuir os custos de realização do evento e, em especial, de reverter esta diminuição de custos nos valores das inscrições de todos os participantes.
Entendemos a preocupação da Comissão Organizadora ao afirmar: “Sem querer dramatizar e como explanado pela Comissão Organizadora do 47º CBG, não se vê condições de reduzir os valores da taxas de inscrição sem colocar em risco a própria realização do congresso” na primeira carta recebida pela ENEGE, mas acreditamos que existem reais possibilidades de se rever práticas e iniciar uma nova fase na construção dos Congressos Brasileiros de Geologia.
A proposta da comunidade acadêmica, com apoio de empresas patrocinadoras do CBG, é a de rever os parâmetros sobre os quais os Congressos Brasileiros de Geologia vem sido montados. A comunidade geológica não necessita de um evento faraônico para congregar e compartilhar conhecimentos, precisamos minimamente de auditórios, microfones e espaços físicos previamente delimitados para os expositores, e podemos consegui-los com pés no chão de acordo com a realidade em que nos encontramos. Segundo uma empresa ouvida, “não estamos nessa absurda crise mencionada pela SBG, só não temos dinheiro sobrando para pagar um absurdo em patrocínio”. Empresas brasileiras calculam que é mais vantajoso expor no GSA Expo 2014 do que no 47º Congresso Brasileiro de Geologia, já que a economia com patrocínio e custos de stand significaria gastar muito menos carregando suas mercadorias até Vancouver, Canadá!
Outro fato bastante citado por muitos participantes de edições anteriores do CBG estão relacionados à grande fartura desnecessária dos coffee breaks. Infelizmente muitas pessoas chegam a colocar lanches em suas mochilas, para comer mais tarde ou não gastar dinheiro com refeições e passam a semana do congresso à base de lanches do coffee break. A redução desse custo seria possível com a emissão de cupons do tipo “vale lanche”, com os quais os participantes poderiam se locomover até setores determinados do evento para a retirada de suas porções individuais.
Sabemos que nos últimos congressos a Acqua Consultoria foi a empresa contratada responsável pela estrutura utilizada pelo CBG, mas entendemos que já é hora de a SBG buscar outros fornecedores desse serviço, preferencialmente priorizando fornecedores locais. Com certeza seria possível uma redução considerável dos custos se a SBG se preocupasse em fazer diversas cotações para esse evento e, comparando-as escolhesse a mais barata ou a que melhor atenda às necessidades financeiras de execução do CBG.

Nós da ENEGE, acreditamos que existe tempo hábil para que novas posturas sejam tomadas ainda na realização do 47º CBG e contamos que a nova gestão que está por vir assuma seu compromisso pela busca de uma forma mais econômica e transparente na construção deste grande evento.